Este estudo foi resultado de um protocolo entre a Câmara Municipal e a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana, SA. (APDL), e teve como objetivo estabelecer um perfil adequado para a potenciação do uso do Porto Marítimo de Viana do Castelo, ao nível da movimentação de carga pelas empresas da região.
Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, destacou que diversos stakeholders foram convidados a participar neste estudo, e que este terá impacto no desenvolvimento deste porto. “O envolvimento dos agentes locais, de uma forma diversificada, em todas as atividades do território, desde a pesca até à academia e investigação, é essencial”, defende o autarca.
Como forma de expansão da atividade portuária vianense, considera que “o porto marítimo tem de ser colocado ao serviço das mais diversas atividades, das que cá estão e das que podem surgir”, considerando que “a economia azul e as energias renováveis trazem-nos possibilidades infinitas e, por isso, este estudo permitiu-nos também pensar e consolidar estas oportunidades”.
João Neves, presidente do conselho de administração da APDL, considera que o estudo “traz informações para que o Porto saiba em que sentido deve avançar”, e que “é um ponto de partida” para o futuro da infraestrutura.
No entanto, defende que “precisamos de ter mais área. É o que diz o estudo e acreditamos que se o porto se reorientar, pode crescer”, permitindo que se instalem várias indústrias nas instalações portuárias.
O estudo foi apresentado por Miguel Marques, especialista da Skipper & Wool, e segundo apontaram as conclusões e recomendações do estudo, “o perfil futuro do porto marítimo de Viana do Castelo pode passar pela melhoria do seu porto comercial e pelo reforço da polivalência, em torno de todas as oportunidades geradas pela descarbonização e pela sustentabilidade social, económica e ambiental”.
Com o aumento de 5,5 para 11 hectares, o Porto de Viana do Castelo poderia “aproveitar as oportunidades de crescimento do porto comercial, no mínimo, para que seja possível desenvolver as condições atuais da operação e adicionar condições para a instalação de um marsheling port, atividade que necessita de caraterísticas distintas associadas a carga de projeto”.
Neste sentido, o responsável considera necessário “expandir a área total, de forma a conseguir aumentar a área disponível para armazenagem a descoberto para aproximadamente o dobro, passando dos atuais 5,5 hectares de área disponível para armazenagem a descoberto para cerca de 11 hectares de terrapleno junto ao cais; aumentar o comprimento em linha reta do cais de atraque dos atuais 250 metros para cerca de 500 metros; garantir uma profundidade mínima de 12 metros ao longo de todo o canal e junto aos cais, o que significa, pelo menos, mais 4 metros de profundidade para além dos atuais 8 metros”.
Para garantir o sucesso do aproveitamento destas oportunidades, Miguel Marques considera crítico “garantir amplo espaço de terrapleno e de cais, que permita a flexibilidade de uso do porto comercial pela carga geral e de projeto relativo à expansão das energias renováveis offshore e consequente logística de equipamentos que exigem amplo espaço de manobra no terrapleno e no cais e pela carga ro-ro que necessita de uma rampa adequada que possibilite também, pela via da rampa, o acesso de traileres e contentores a navios de maior dimensão, os quais implicam necessidade de aumento da profundidade do porto comercial”.
O especialista nota que, desta forma, o porto poderá tornar-se “um espaço ainda mais privilegiado para o desenvolvimento das energias renováveis offshore e onshore, o desenvolvimento da construção, fabrico, reparação e reconversão de embarcações e equipamentos navais necessários à descarbonização e inclusivo e dinamizador da pesca e aquacultura sustentáveis, bem como promotor do turismo azul e dos desportos náuticos”.
Ao nível das atividades do porto, o estudo considera que “no perfil futuro do porto comercial do porto marítimo de Viana do Castelo podem ser incluídas atividades de apoio à logística associada às indústrias emergentes das energias renováveis offshore (aplicável também às indústrias consolidadas de energia renovável onshore), eventualmente ponderar a possibilidade de ser também um ‘marshalling harbour’ deste setor, pode apetrechar-se com as valências necessárias para o ‘green shipping’, pode aproveitar todo o seu potencial ro-ro/ro-pax e pode vir a reforçar a articulação que já tem com o porto de Leixões e com infraestruturas rodoferroviárias, de polo logístico e de entreposto aduaneiro, de apoio ao desenvolvimento económico da região que venham a existir”.
De forma a conseguir aproveitar o calendário de concretização dos melhoramentos da infraestrutura com o ritmo de desenvolvimento industrial de Viana do Castelo, nomeadamente ao nível das energias renováveis, “torna-se pertinente e urgente atualizar o plano de ordenamento e expansão do porto de Viana do Castelo, por forma a dotá-lo de uma maior dimensão, para poder aproveitar as oportunidades, bem como melhorar os seus índices de operação, revertendo todos os pontos que limitam o seu desenvolvimento”, conclui o estudo.